quinta-feira, 31 de maio de 2018

Runaway Bay - Detectives Em Férias (1992-1993)


por Paulo Neto

Uma das melhores partes de escrever neste blogue é sem dúvida interacção com os seus leitores e seguidores da página no Facebook e já por algumas vezes surgiram cromos a partir das sugestões ou questões deles. É o caso deste texto que surgiu quando uma leitora denominada Anne perguntou no blogue por uma série que lhe deixara boas memórias mas da qual não se conseguia lembrar do título ou de mais pormenores. Através das pistas que ela deixou das suas recordações, consegui chegar à conclusão que se tratava desta série, que Anne confirmou.



E tal como Anne, eu também eu guardei boas recordações de "Runaway Bay", uma co-produção franco-britânico-americana, que passou na RTP1 sob o título "Detectives Em Férias" num espaço infanto-juvenil matinal de segunda a sexta no Verão de 1994, o mesmo onde por exemplo foram exibidos pela primeira vez em Portugal os primeiros episódios da franchise anime do Tsubasa, na versão original japonesa legendada em português. 

A série não andava muito longe de uma espécie de "Uma Aventura" ou "Os Cinco" algures nas Caraíbas, já que era sobre um grupo de jovens, alguns turistas e outros locais, que em cada episódio se deparavam com um mistério qualquer e viviam uma aventura para os desenvolver e claro que o cenário paradisíaco era um ingrediente extra na emoção dessas aventuras. Apesar de em teoria a série decorrer na baía jamaicana que dá nome ao título original, na verdade foi filmada na ilha caribenha de Martinica, que é território francês. (Sabiam que foi nessa ilha que nasceu a Josefina do Napoleão?)

Diana Eskill (Alex), Eric Fried (Dion), Jeremy Lynch (Chan), Naomie Harris (Shuku)
Jade Magri (Zoe), Andrew Fraser (Jojo) 

Infelizmente encontrei muito pouca informação sobre a série: a Wikipedia e o IMDB não ajudaram muito e o meu principal recurso foram os episódios disponíveis no YouTube. A série teve duas temporadas cada uma com treze episódios, exibidos originalmente no canal britânico ITV entre 1992 e 1993. 
Na primeira temporada, por aquilo que recordo, havia um núcleo duro de protagonistas composto por Dion (Eric Fried), Chan (Jeremy Lynch), Alex (Diana Eskill), Shuku (Naomie Harris) e Jojo (Andrew Fraser), com o Inspector Grant (Carl Bradshaw) como a personagem adulta mais recorrente. Mas pelo que vi dos episódios do YouTube, na segunda temporada, deixou de haver esse núcleo duro, com alguns episódios em que só apenas alguns dos cinco protagonistas apareciam sem explicações para a ausência dos outros, havendo em alternativa outras personagens para colmatar essas ausências temporárias como Zoe (Jade Magri) ou Lola (Marlaine Gordon).  



Pelo que me recordo, era uma série bastante prazerosa de se ver e que devia ser mais bem recordada, mas infelizmente se ainda existe alguma memória dela é sem dúvida pelo facto de ter sido um dos primeiros papéis da actriz britânica Naomie Harris, que mais tarde viria a ter uma bem-sucedida carreira em filmes como o segundo e terceiro tomos de "Piratas das Caraíbas", "Skyfall" e "Spectre" (foi a primeira Moneypenny negra da saga 007), "Miami Vice", "Um Traidor dos Nossos", "Rampage" e "Moonlight", para o qual foi nomeada para um Óscar. Harris tinha começado de facto como actriz infantil e recordo-me dela nas séries "Simon e a Bruxa" e "Os Meninos do Amanhã", que deu no canal Panda. 


O tema que se ouvia no genérico da abertura era uma versão instrumental de "Romantic World" de Dana Dawson, sendo que nos créditos finais ouvia-se uma versão cantada por outra intérprete com uma outra letra, alusiva ao cenário da série.




Episódio "Going For Gold" (1.ª e 3.ª partes)




Episódio "Race Like The Wind"


Episódio "The Secret Garden"


  Episódio "Masquerade" 




quinta-feira, 24 de maio de 2018

Arca de Noé (1990-1995)

por Paulo Neto

Para começar, vamos à música:



Vamos fazer amigos entre os animais
Que amigos destes não são demais
Na vida
E vêm aqui mostrar
Que têm uma família como eu e tu
Só que esta mora numa outra casa
Que se chama (DIGAM!)
Arca de Noé
Vamos lá ver como é
Na Arca de Noé
Há animais que falam como nós
Como eu e tu
Há animais que falam como nós
Como eu e tu




Sim, vamos hoje falar sobre o concurso "Arca de Noé", exibido em cinco temporadas na RTP entre 1990 e 1995. As três primeiras temporadas foram apresentadas por Fialho Gouveia e exibidas na RTP 2, a quarta temporada já na RTP1 foi apresentada por Ana do Carmo e a quinta por Carlos Alberto Moniz.

Este concurso sobre o mundo dos animais fora inicialmente concebido no Japão nos anos 70 e exportado com sucesso para vários países. Era composto por diversas rondas de perguntas e respostas onde os concorrentes teriam de adivinhar o comportamento de um determinado animal diante de uma determinada situação, através de imagens filmadas pela televisão japonesa, mediante quatro hipóteses de resposta. (Por exemplo, foi assim que eu fiquei a saber que quando uma fêmea koala quer rejeitar os avanços de um macho, ela urina sobre ele). Também existiam algumas perguntas sobre as características de uma determinada espécie. (Por exemplo, sabiam que as girafas têm tantas vértebras no pescoço como o ser humano? Têm sete como nós!)



Segundo o site "Brinca Brincando" (a quem mais uma vez presto agradecimento pelas imagens neste texto) no modelo original japonês e na maioria dos países em que o programa foi adaptado, os concorrentes eram figuras públicas. Contudo em Portugal, nas temporadas de Fialho Gouveia, cada sessão tinha três concorrentes anónimos e uma figura pública que, caso vencesse, doaria o prémio monetário em jogo (que estou em crer que eram 250 contos, 1250 euros) a uma instituição de apoio aos animais. Os concorrentes anónimos também cediam habitualmente uma percentagem do valor ganho a uma instituição, geralmente o Jardim Zoológico de Lisboa ou a União Zoófila.



Durante a temporada apresentada por Ana do Carmo, o concurso passou a ser disputado por três equipas compostas por um adulto e uma criança. Na quinta e última temporada, num cenário a fazer lembrar um barco e até a própria Arca de Noé, os concorrentes eram crianças entre os 8 e 12 anos.


Outra figura marcante do concurso era a assistente Maria Arlene, que mais tarde veio-se a saber ser a primeira esposa de José Castelo Branco e a mãe do seu filho Guilherme. Arlene participou no programa nas suas quatro primeiras temporadas e era frequente ouvir-se assobios na assistência sempre que ela surgia em palco com mascotes do programa que assinalavam a pontuação dos concorrentes. Estas mascotes correspondiam aos patrocinadores principais do programa: primeiro o Vitinho da Milupa, mais tarde os Orelhudos da Mimosa.


Outra rubrica regular do programa era a presença de um determinado animal no estúdio, acompanhado em palco por alguém responsável por ele que era entrevistado pelos apresentadores.



Outro ponto alto do programa eram as canções, cada semana sobre um determinado animal, com música de Carlos Alberto Moniz e letra de José Jorge Letria, interpretadas por Moniz ou então por um convidado especial. Recordo-me por exemplo de Fernando Correia Marques a cantar sobre o choco, Fernando Mendes sobre o arganaz e Wanda Stuart sobre a borboleta. 
Várias dessas canções foram gravadas por Carlos Alberto Moniz em dois discos e pelo menos uma delas ficou na memória colectiva: "O sonho do elefante é ser elegante, é ser elegante..."




O "Brinca Brincando" refere ainda que um dos critérios de pré-selecção dos concorrentes era escrita correcta do português, sendo que aqueles que dessem erros ortográficos seriam eliminados, já que as respostas do programa eram dadas por escrito em cartolinas. O que não impediu um episódio que Nuno Markl relembrou quando dedicou um cromo ao programa na "Caderneta de Cromos". Consta que, confrontado com a pergunta sobre o que iria fazer um gorila com uma garrafa de cerveja, o futebolista Jorge Cadete, que era o convidado daquela sessão, terá escrito... "Vai beber a mine".

"Arca de Noé" era sem dúvida um programa extremamente divertido e didáctico e acho que ainda podia ser recuperado para a televisão.

Promo com Ana do Carmo...e uma águia calçada:


 Sessões do programa: 









Cromo da "Caderneta de Cromos" da Rádio Comercial sobre "O Arca de Noé" (22.9.2011)

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Masters do Universo - Pastilhas Elásticas Dutlim (1988)





Em 2014 já tínhamos visto na Enciclopédia a colecção de calendários de bolso dos Masters do Universo lançado pelas pastilha elásticas Dutlim, desta vez vamos ver as pastilhas que essa colecção promovia. Quer dizer, não a pastilha que parecia uma tira de borracha cor-de-rosa, mas o seu invólucro exterior e o cromo autocolante que vinha de brinde, enrolado na pastilha/bubble gum.

O invólucro das pastilhas elásticas Dutlim "Masters do Universo".

Este autocolantes são diferentes da outra colecção de autocolantes Dutlim com a mesma temática do universo de He-Man e os seu compatriotas, e que podem ver no excelente blog "My Best Toys": "Caderneta-Poster Masters do Universo da Dutlim".

Um dos três autocolantes recém chegados à minha coleção utiliza  a mesma imagem que um dos calendários:"He-Man e os Masters do Universo - Calendários das Pastilhas Elásticas Dutlim (1988)".
Três dos autocolantes brindes das pastilhas elásticas Dutlim "Masters do Universo".
No invólucro, como nos autocolantes da data de copyright é 1983, "Mattel. Inc/JA". Olhando ao resto das informações, o peso líquido da pastilha era 6 gramas. "Fabricado por Dutlim, Leião - 2780 Oeiras - Portugal". Os ingredientes: açúcar, glucose, goma base, glicerina, aromas naturais e artificiais e corante orgânico sintético (E-124).

Infelizmente não encontrei indicação do preço de venda ao público.
Se algum dos nossos leitores tiver algum dos outros autocolantes ou memórias de colecções relacionadas deixe comentários abaixo!

Como sempre, o leitor pode partilhar experiências, corrigir informações, ou deixar sugestões aqui nos comentários, ou no Facebook da Enciclopédia: "Enciclopédia de Cromos"Visite também o Tumblr: "Enciclopédia de Cromos - Tumblr" e nosso Youtube: "Enciclopédia TV".

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Festival da Eurovisão 1998

por Paulo Neto

Na semana em que decorre em Lisboa o Festival da Eurovisão deste ano (nem acredito que finalmente está a acontecer!), nada como recuar mais uma vez até uma edição anterior, desta vez a de há 20 anos.



Em virtude da quinta vitória do Reino Unido no ano anterior, o 43.º Festival da Eurovisão realizou-se a 9 de Maio 1998 na cidade inglesa de Birmingham no National Indoor Arena, com apresentação de Terry Wogan e Ulrica Jonsson. Rui Unas fez os comentários para a RTP e Lúcia Moniz foi a porta-voz dos votos de Portugal.



Na altura, a participação de um país no Festival estava dependente da média dos resultados nas últimas cinco edições, sendo que aqueles com coeficiente mais baixos teriam de ficar um ano de fora. Foi devido aos bons resultados em anos anteriores (sobretudo os top 10 de 1993, 1994 e 1996) que Portugal participou neste ano apesar de ter ficado em último lugar em 1997 com zero pontos. A mesma sorte não tiveram Áustria, Bósnia-Herzegovina, Dinamarca, Islândia e Rússia que tiveram de ficar de fora este ano. A Itália, quarta classificada no ano anterior, também não regressou. Em contrapartida, cinco países ausentes no ano transacto - Bélgica, Eslováquia, Finlândia, Israel e Roménia - puderam regressar este ano e a Macedónia participou pela primeira vez.
Esta edição marcou como que um ponto de viragem na história do certame, já que foi o último ano em que uma orquestra foi utilizada e em que se aplicou a regra da obrigatoriedade dos países cantarem nas suas línguas nacionais. Depois de uma experiência em quatro países no ano anterior, este foi o primeiro ano em que os votos da maioria dos países foram decididos por televoto.

Os postcards que antecediam cada actuação eram bastante interessantes, recriando cenas da vida britânica no passado e no presente ao som de conhecidos temas da britpop, terminando com a bandeira de cada país a surgir de uma maneira diferente. No de Portugal, vemos uma escola do início do século XX a dar lugar a uma escola moderna de 1998 onde os alunos fazem a bandeira portuguesa a partir de um arranjo com papel colorido, tudo isto ao som de "The Beautiful Ones" dos Suede.

Este Festival foi também marcado por algumas controvérsias e gaffes. Por exemplo o compositor da canção da Grécia foi bastante crítico dos planos da realização britânica, os ensaios da Turquia faziam a canção exceder os três minutos obrigatórios, a apresentadora Ulrica Jonsson fez um comentário sobre a porta-voz da Holanda Conny Van Den Bos (esta disse que já tinha participado no Festival ao que Jonsson respondeu: "Deve ter sido há muito tempo "e foi apupada pela assistência presente no local, embora Van Den Bos tenha confirmado que de facto tinha sido há muito tempo, em 1965). Mas claro que a grande história desta edição foi sem dúvida a cantora que acabou por ganhar. 
Porém vamos por partes e analisar as 25 canções concorrentes, como é hábito, pela ordem inversa da classificação.

Gunvor (Suíça)

É sempre triste quando um país não leva nem sequer um pontito para a amostra e foi o que nesse ano aconteceu à Suíça. Gunvor Guggisberg cantou "Lass ihn" ("deixa-o") acompanhada ao violino por Egon Egemann que representara o país oito anos antes. Na canção, Gunvor aconselhava uma amiga a deixar de vez o namorado mulherengo. A meu ver, a canção helvética (que foi a última até agora cantada em alemão que a Suíça trouxe ao certame) não merecia de todo tão nefasto resultado. Gunvor lançou mais alguns singles e um álbum em 2000, mas segundo a Wikipedia, em 2014 foi presa por furto e fraude fiscal.
Marie-Line (França)

O 24.º e penúltimo lugar com somente três pontos foi até então o pior resultado da França, país até então mais habituado aos lugares cimeiros. E também acho que o resultado foi algo injusto para o tema afro-reggae "Où aller" ("para onde ir") interpretado por Marie-Line, naquele que foi o seu único momento notório como solista principal. Depois do Festival, Marie-Line retomou o seu trabalho como cantora de coro para outros artistas e compositora. 

Charlie (Hungria)

Quatro pontos deram à Hungria o 23.º lugar com "A holnap már nem lasz szomorú" ("a tristeza acaba amanhã") por Karoly Horvath, mais conhecido por Charlie. Este veterano do rock magiar tinha iniciado uma carreira a solo em 1994 marcada pelos blues e essas sonoridades estavam bem patentes na canção que levou a Birmingham. Depois desta participação, a Hungria só voltaria à Eurovisão em 2005. (Aliás a desistência da Hungria, a par da Letónia ter optado por só se estrear no certame em 2000, permitiu a Portugal participar em 1999).

Malina Olinescu (Roménia)

A Roménia tinha-se estreado na Eurovisão em 1994, mas tendo sido afastada da pré-eliminatória de 1996 (tal como em 1993), esta foi apenas a segunda participação deste país. Malina Olinescu cantou a romântica balada "Eu cred" ("eu acredito") que ficou em 22.º lugar com seis pontos, dados por Israel. Infelizmente, Malina cometeu suicídio em 2011, aos 37 anos, ao que parece devido a um desgosto amoroso. 
Katarina Hasprová (Eslováquia)

A terceira participação da Eslováquia fez-se na voz de Katarina Hasprová, que interpretou "Modlitba" ("oração"). O primeiro país a votar, Croácia, deu oito pontos mas mais nenhum pontuou a canção eslovaca, ficando assim em 21.º lugar. Tal como a Hungria, após este ano, a Eslováquia fez um hiato na participação na Eurovisão, apenas regressando em 2009. Filha de pais ligados ao mundo do  espectáculo, Katarina Hasprová dedica-se actualmente ao teatro musical.

Thalassa (Grécia)

Os 12 pontos da nação-irmã de Chipre foram apenas aqueles conseguidos pela canção da Grécia, que se fazia representar com a canção "Mia krifi evesthisia" ("uma sensibilidade escondida") interpretada pelo grupo Thalassa, cuja vocalista era Dionysia Karoki. Houve uma controvérsia por Yannis Valvis, o compositor da canção, descontente com a forma como a actuação estava a ser filmada nos ensaios, ter atitudes agressivas. Por causa disso, o grupo esteve quase a desistir mas acabou por decidir continuar a sua participação sem a presença de Valvis. Os Thalassa separaram-se após a participação eurovisiva e actualmente, Dionysia Karoki é professora de música.

Vlado Janevski (Macedónia)

A Antiga República Jugoslava da Macedónia (assim denominada na Eurovisão - e não só - para evitar confusões com a região grega da Macedónia e as tensões socio-culturais entre os dois países) quis estrear-se em 1996, mas a sua canção não passou na pré-eliminatória e assim só em 1998 é que este país pôde finalmente fazer a sua estreia num palco eurovisivo. Vlado Janevski foi então o primeiro representante deste país, que cantou "Ne Zori, Zoro" ("não amanheças, manhã"), obtendo o 19.º lugar com 16 pontos. 

Vili Resnik (Eslovénia)

Um lugar acima e com mais um ponto ficou a Eslovénia, com Vili Resnik a cantar a balada "Naj bogovi slisjo" ("que os deuses ouçam"). Uma das cantoras do coro era Karmen Stavec, que seria a representante deste país em 2003.

Sixteen (Polónia)

Por seu turno, a Polónia fez-se representar pelo grupo Sixteen, cuja vocalista era Renata Dabkowska, com a canção "To takie proste" ("É tão fácil"). Tratava-se de um tema pop-rock com alguns recortes de música celta que valeu às cores polacas o 17.º lugar com 19 pontos.

Mikel Herzog (Espanha)

O basco Mikel Herzog foi o representante da Espanha, com um look que parecia uma antevisão de como seria o Harry Potter à beira dos quarenta anos. A Birmingham levou a balada "Que voy a hacer sin ti" que ficou em 16.º lugar com 21 pontos. Nos anos 80, Herzog integrou a formação das bandas Cadillac e La Decada Prodigiosa mas não durante o período em que estas foram à Eurovisão (1986 e 1988 respectivamente). Mikel Herzog participou na primeira edição de "Operación Triunfo" com o director da pós-academia que continuava a formação dos concorrentes eliminados. 

Edea (Finlândia)

Havia quem apontasse a canção new-age da Finlândia como uma das favoritas, mas ficou-se apenas pelo 15.º lugar com 22 pontos. "Aava" do grupo Edea, cuja vocalista principal era Marika Krook, detém ainda hoje o recorde como a canção com menos palavras na letra, somente seis, até porque a frase "aava maa avara" ("paisagem aberta e extensa") era repetida dez vezes ao longo da canção.

Tüzmen (Turquia)

Apesar de nos ensaios, a actuação da Turquia ter tido problemas em cumprir a regra dos três minutos de duração, durante a actuação ao vivo tudo correu dentro dos parâmetros requeridos. Tarkan Tüzmen defendeu a balada "Unutamazsin" ("não podes esquecer"), que tinha o dramatismo de um tema de musical tipo "Fantasma de Ópera". Tüzmen lançou dois álbuns em 1996 e 2003, curiosamente intitulados "T1" e "T2" mas é mais conhecido sobretudo por esta participação na Eurovisão (que valeu à Turquia o 14.º lugar com 25 pontos) e por ser irmão de um ex-ministro do seu país.

Koit Toome (Estónia)

Originalmente, Chipre, Estónia e Portugal ficaram empatados em 11.º lugar com 37 pontos, mas mais tarde veio-se a saber que a Espanha tinha comunicado incorrectamente os seus votos, omitindo que os seus 12 pontos eram para a Alemanha. Mas após descoberto o erro, foi deduzido um ponto a Portugal e Estónia que ficaram então ambos em 12.º lugar com 36 pontos.
A Estónia fez-se representar por Koit Toome, então com 19 anos, cantando ao piano "Mere lapsed" ("meninos do mar") que agradou sobretudo aos finlandeses que lhe deram 12 pontos. A partir daí, Koit tornou-se um dos cantores mais populares no seu país. Em 2017, regressou à Eurovisão em dueto com Laura Polvedere (sendo portanto um dos adversários dos nosso Salvador Sobral) mas apesar do tema "Verona" ser um fan favourite, não passou à final.     

Alma Lusa (Portugal)

O grupo Alma Lusa foi o representante de Portugal. Este colectivo foi criado propositadamente para a participação no Festival da Canção de 1998, que acabou por ganhar com a pontuação máxima graças ao tema "Se eu te pudesse abraçar"). Os dois membros mais notórios eram Inês Santos (famosa por ter ganho a segunda edição do "Chuva de Estrelas" imitando Sinead O'Connor) e José Cid (que assim regressava à Eurovisão dezoito anos depois do seu "Adio adieu") sendo os outros componentes Pedro Soares (gaita de foles), Carlos Jesus (guitarra portuguesa), Carlos Ferreirinha (cavaquinho) e Henrique Lopes (adufe). Com tantos instrumentos tradicionais portugueses, era de facto um tema étnico cheio de alma lusa que bem podia ser tema da Expo 98. José Cid gravou também uma versão desta canção para a banda sonora da telenovela "Terra Mãe". 

Michalis Hatzgiannis (Chipre)

Como já foi referido, Chipre ficou em 11.º lugar, com um total de 37 pontos. O seu representante foi Michalis Hatzgiannis (que para esta participação viu o seu nome convertido para Michael Hajiyanni), então com 19 anos que cantou o épico tema "Genesis", que é uma das minhas canções cipriota favoritas na Eurovisão. Hatzgiannis tornou-se nos mais tarde um dos cantores mais populares de língua grega, com enorme popularidade tanto em Chipre como na Grécia. 

Jill Johnson (Suécia)

A morte da princesa Diana em Agosto de 1997 ainda estava bem presente na memória dos europeus, daí que não havia de estranhar que houvesse uma canção dedicada a ela, que foi a da Suécia. Jill Johnson cantou "Kärleken är" ("o amor é"), uma emotiva balada que conquistou 53 pontos que lhe valeu o 10.º lugar. A sua participação no Festival abriu caminho a uma bem-sucedida carreira de Johnson no seu país. Ela tentou regressar à Eurovisão em 2003 mas ficou em quarto lugar na final sueca. 
Dawn Martin (Irlanda)

A Irlanda foi o país mais bem-sucedido na Eurovisão nos anos 90, com quatro vitórias e dois segundos lugares. Desta vez ficou-se por um respeitável nono lugar com 64 anos com o tema "Is Always Over Now" interpretado por Dawn Martin. Esta foi acompanhada em palco por um coro que incluía Paul Harrington, um dos membros do dueto que vencera em 1994. 

Lars Fredriksen (Noruega)

A canção da Noruega teve a particularidade de ter ganho na sua final nacional com a versão em inglês mas como ainda vigorava a regra de obrigatoriedade da língua nacional (que seria removida para o ano seguinte), foi a versão em norueguês que teve de ser apresentada para a Eurovisão. Lars Fredriksen cantou "Altiid Sommer" ("sempre Verão") e obteve o nono lugar com 79 pontos. Um dos cantores do coro, Havard Grytting, voltaria a fazer coro na Eurovisão em mais cinco canções norueguesas. 
Guildo Horn (Alemanha)

A Alemanha apresentou aquela que de longe foi a actuação mais louca da noite. Se o tema "Guildo hat euch Liebe" ("O Guildo ama-te") de Guildo Horn & Die Orthopadischen Strumpfe já era por si só bastante, digamos, surpreendente, em Birmingham Horn não parou quieto durante a actuação, desde subir a um poste de iluminação até descer à assistência, passando por um solo de chocalhos. No final, Rui Unas comentou: "Se isto é o que a Alemanha tinha de melhor, nem quero saber o que ficou de fora." (Eu só não concordo completamente com o Unas porque entretanto ouvi algumas canções da final alemã de 1998 que conseguiam ser piores.) Aliás a escolha de Guildo Horn para representante germânico tinha sido criticado pela imprensa do seu país, mas o factor choque acabou por resultar já que, após a adição dos 12 pontos que os votos de Espanha tinham omitido, ficou em sétimo lugar com 86 pontos e ajudou a renovar o interesse da Eurovisão na Alemanha. O autor da canção, o comediante Stefan Raab, participaria ele próprio no Festival em 2000 com um tema do mesmo estilo.

Mélanie Cohl (Bélgica)

A Bélgica obteve um honroso sexto lugar com 122 pontos. Com 16 anos, Mélanie Cohl era a mais nova cantora em competição mas interpretou o tema "Dis oui" ("diz sim") com bastante segurança. Nesse ano, Mélanie participou na versão francesa do filme "Mulan" da Disney, cantando o tema da personagem principal. Em 2005, deixou a vida artística para se dedicar à família tendo tido dois filhos em 2013, participou no The Voice da Bélgica.       

Danijela (Croácia)

A Croácia foi o primeiro país a actuar e abriu em beleza com o épico e étnico tema "Neka mi ne svane" ("que o sol nunca nasça") interpretado por Danijela Martinovic, que já tinha representado a Croácia em 1995 com o grupo Magazin. O ponto alto da actuação foi quando Danijela deixou cair a capa preta que trazia revelando o vestido branco. Ficou em 5.º lugar com 122 pontos.

Edislia (Holanda)

Em 1997, a holandesa Edsilia Rambley venceu a final europeia do Chuva de Estrelas com a sua imitação de Oleta Adams e no ano seguinte, representou o seu país na Eurovisão com o tema "Hemel en aarde" ("Céu e terra"), um tema pop r&b bem ao som da época. Com 150 pontos e o 4.º lugar, foi o melhor resultado da Holanda desde a sua última vitória em 1975. Edsilia voltou a representa os Países Baixos na Eurovisão em 2007 com o tema "On top of the world", mas não passou da semifinal.  
   
Chiara (Malta)
Este foi mais um ano em que a votação foi bastante renhida e o pódio só foi decidido na última votação. Antes do último país, a Macedónia, revelar os seus votos, Israel e Malta estavam empatados no primeiro lugar e o Reino Unido a nove pontos. Mas o televoto macedónio deu 8 pontos a Israel, 10 ao Reino Unido e...nenhum a Malta, que se viu assim baixar do primeiro para terceiro lugar no sprint final com 165 pontos. Chiara Siracusa foi a representante maltesa cantando "The one that I love". Esta seria a primeira de três participações de Chiara na Eurovisão, regressando em 2005 (onde foi segunda, igualando o melhor resultado de sempre de Malta) e em 2009 (onde se qualificou para a final mas ficou-se aí pelo 22.º lugar). 

Imaani (Reino Unido)

Foi neste ano que o Reino Unido alargou o seu recorde como o país com mais segundos lugares, obtendo um décimo quinto (e até agora último) título de vice-campeão. Imaani Saleem interpretou o tema house-pop "Where are you?" (pessoalmente o meu favorito deste ano) que obteve 166 pontos.
Desde então, Imaani tem colaborado em vários projectos de jazz e de música de dança, mas só em 2014 é que editou um álbum em nome próprio.

Dana International (Israel)
  
No ano do 50.º aniversário do estado, Israel obteve a sua terceira vitória no Festival da Eurovisão com 172 pontos (12 de Portugal), graças ao tema dance-pop "Diva". Mas se a canção por si só já era material vencedor, o grande furor foi o facto de a sua intérprete Sharon Cohen, mais conhecida pelo seu stagename Dana International, ser a primeira intérprete transgénero a participar na Eurovisão. Nascida com o sexo masculino, em 1993 Cohen tornou-se um indivíduo do sexo feminino após uma operação de mudança de sexo realizada em Londres. Uma popular figura da comunidade LGBT de Telaviv e já com uma assinalável carreira de popstar no seu país, Dana International foi escolhida directamente pela televisão israelita para ser a representante da nação, uma escolha que indignou os sectores mais conservadores da sociedade israelita, sobretudo a comunidade judia mais ortodoxa e a cantora chegou a Birmingham rodeada de um grande dispositivo de segurança. No entanto, nada de grave aconteceu e a sua vitória foi bem-recebida em Israel e "Diva" (que exaltava mulheres poderosas como Cleópatra e a deusa Afrodite) foi um hit em toda a Europa.
No Festival do ano seguinte, Dana protagonizou um momento caricato ao cair em palco quando ia a entregar o troféu à interprete vencedora desse ano. Tal como os representantes da Holanda e Estónia, Dana International teve um regresso infeliz à Eurovisão, não passando da semifinal quando representou novamente Israel em 2011 com o tema "Ding Dong". Foi também coautora da canção israelita de 2008. 


O triunfo de Dana International no Festival da Eurovisão em 1998 é particularmente notável se tivermos em conta que na altura, não havia quase nenhuma visibilidade junto do grande público relativamente a pessoas transgénero e a questão da transsexualidade era abordada sobretudo de forma circense e/ou à laia da chacota (antes da actuação israelita, Rui Unas não resistiu a martelar uma piada: "Boa sorte para ela...ou para ele."). Aliás terá sido por isso que Dana optou por usar um convencional vestido prateado para a sua actuação e vestir apenas o exuberante vestido de penas de pássaros de Jean-Paul Gaultier que envergara nos ensaios para a reprise vitoriosa.
Ainda assim, muitos apontam este acontecimento como o primeiro grande marco rumo à aceitação e integração de pessoas transgénero no mundo.    


  
Todos os postcards do Festival da Eurovisão de 1998


Excertos da transmissão da RTP do Festival da Eurovisão 1998:


domingo, 6 de maio de 2018

Blocos Publicitários RTP1 (Maio 1998)

por Paulo Neto

Preparados para uma viagem no tempo à descoberta da publicidade televisiva de antanho? Desta vez recuamos vinte anos até ao dia 6 de Maio 1998 (uma quarta-feira) para analisar cinco blocos publicitários da RTP1, que intercalaram a exibição de um episódio da telenovela "Terra Mãe" e do filme "Sete Pecados Mortais" (que se estreava na televisão portuguesa).
Ao contrário do que é costume, estes blocos não provêm do canal LusitaniaTV mas sim do canal de Vasco Ferreira, que através do fórum A Televisão, pediu-me para esmiuçar. E aqui está o resultado:


0:00 Breve cena da telenovela "Terra Mãe", com os actores Marques D'Arede, Patrícia Tavares e Teresa Madruga.
0:03 Um clássico da RTP dos anos 90: "As Lições do Tonecas", a adaptação televisiva dos sketches radiofónicos dos anos 30 criados por Oliveira Cosme, com Luís Aleluia no papel do adorável cábula Toneca e Morais e Castro como o Professor que tinha de suportar tanta asneira. O sucesso da série foi tal que o programa durou quatro anos, entre 1996 e 2000, com alguns episódios especiais em 2003. Eu próprio já fiz de Tonecas, quando andava na 4.ª classe, na festa de final de ano lectivo.
0:39 Na altura, Maria Elisa apresentava um programa de debate que tinha precisamente o seu nome. O tema desta semana era sobre o tango, uma dança que é muito mais que uma simples dança tal o misticismo que carrega. Segundo a inconfundível voz-off de Cândido Mota, esse programa teria lugar no Salão de Dança dos Alunos de Apolo - a nossa maior instituição das danças de salão - e tinha Nicolau Breyner, Lia Gama, São José Lapa, Yolanda e Sinde Filipe entre os convidados. Será que eles aproveitaram para um pé de dança?
1:13 Vinheta RTP1
1:16 Um dos típicos anúncios aos produtos da Nivea - desta vez o Nivea Body Milk - com uma beldade loura de pele radiante.
1:36 Outra beldade loura dá a cara (e não só) pelo suplemento natural de fibras solúveis Fibrosine.
1:57 Anúncio à célebre água gaseificada de Carvalhelhos onde vários turistas estrangeiros tentam dizer "Carvalhelhos", no que parece ser uma actualização do famoso anúncio dos anos 80 desta marca.
2:12 O início do mês de Maio é sinónimos das Queimas das Fitas e Semanas Académicas que se realizam nas instituições do Ensino Superior um pouco por todo o país, daí a inspiração para este famoso anúncio da Super Bock com gritos académicos, onde os "efe-erre-ás" dão lugar a "esse-ás". Aliás este grito do anúncio seria adoptado também nas esferas académicas.
2:26 De beldades louras para uma beldade morena que afirma detestar a sensação de cabelo colado de algumas lacas. Felizmente isso não acontecia com a laca Pantene Flexível que graças ao seu ingrediente Elastesse deixa a sua bela melena castanha fixada mas flexível.
2:58 Um clássico dos anos 90, os anúncios ao detergente Tide onde o actor Paulo Matos ia até a casa das pessoas (desta vez em Leiria) perguntando às donas de casa se usam Tide. Acho que ainda hoje deve haver quem se refira a Paulo Matos como o "senhor do Tide".
3:37 Um desenhador e uma águia protagonizam este anúncio às lentes Varilux da Essilor.
3:48 Um spot teaser: "No dia 9 de Maio, a Opel vai revelar-lhe tudo..."
3:57 Com Cristiano Ronaldo então recém-entrado na puberdade, a nossa grande estrela do futebol era na altura Luís Figo, que jogava então no Barcelona, e que dava a cara pelo lançamento do jornal "24 Horas", que se estreou nas bancas a 5 de Maio de 1998 e que duraria até Junho de 2010.
4:29 Linic é das mais famosas marcas de champô nesse subgénero dos anti-caspa. Desta vez, em vez do habitual glamour e das melenas radiantes e frondosas habituais neste tipo de anúncio, temos desta vez um cenário desértico em que dois modelos são uma espécie de espantalhos com um cabelo que quase parece de palha. Nada que uma chuvada e um pouco de Linic não resolvam.
4:58 Sim, estávamos em 1998 e não havia como escapar a ela na televisão: a Expo 98 e não faltavam concursos a sortear bilhetes para a Exposição Universal. Desta feita, era o Sumol Néctar que oferecia esses cobiçados bilhetes através de chamadas de valor acrescentado. Já agora, reconhecem o actor com ar alucinado do início do anúncio? Tratava-se de Sérgio Grilo, que ficou mais conhecido pelo anúncio da Galp Gás com o Diácono Remédios, e que faleceu prematuramente de cancro em 2013. 
5:08 Eis um anúncio que matava dois coelhos de uma cajadada, promovendo o detergente Sun e as máquinas de lavar loiça Philco.
5:39 Um anúncio às toalhitas Dodot Mimo que desmonta a imagem habitual dos bebés queridos e fofuchos dos anúncios de fraldas e quejandos, mostrando que por vezes eles também podem ser criaturas endiabradas que fazem porcaria por onde quer que andam. Mas quem nunca, quando foi bebé?
6:09 Um divertido anúncio da Portugal Telecom. Perante um apartamento que solta uma grossa nuvem de fumo, um grupo de bombeiros (um deles o recém-falecido actor João Ricardo) sobre até lá para combater as chamas, mas afinal o fumo vem da orelha de uma mulher (a actriz Custódia Gallego) que está ao telefone. Tudo isto para anunciar que durante um certo horário uma chamada telefónica de uma hora custava apenas 100 escudos (50 cêntimos).
6:40 O arroz Cigala convidava na altura a descobrir os truques e segredos de grandes restaurantes portugueses, desta feita o mítico e chiquérrimo Tavares Rico em Lisboa. O cozinheiro-chefe afirma que não podia dizer qual era o truque para o apetitoso caril de gambas, mas o segredo era o arroz Cigala.
7:00 Mais um anúncio de um champô, desta vez Organics.
7:22 Um grupo de pessoas puxa um ferro de engomar gigante enquanto uma mulher está sentada no topo do dito cujo toda lampeira. Tudo porque o ferro de engomar Rowenta custava 3990 escudos (pouco menos de 20 euros) na campanha de grandes marcas a pequenos preços do Jumbo. (Curiosa a utilização de "Tous Les Garçons Et Les Filles" na segunda metade do anúncio).
7:38 De novo o anúncio da Super Bock das Queimas das Fitas.
7:53 O Visionlab, que acabava de assentar arraiais na Avenida da Liberdade, afirmava-se como um novo conceito de loja óptica e de laboratório fabricante de lentes, pelo que os óculos graduados podiam ser entregues em apenas uma hora.
8:23 Enquanto o seu amigo fica pendurado ao tentar fazer furos no tecto com um berbequim, um senhor sorridente usa Tesa Power Strips para pendurar decorações no tecto. (E revela-se um amigo da onça).
8:43 Vinheta RTP
8:46 Promo à exibição do filme de 1995 "Sete Pecados Mortais" realizado por David Fincher, com Morgan Freeman e Brad Pitt, a ser exibido nessa noite na "Lotação Esgotada". Não vi o filme nessa noite mas uns meses mais tarde em VHS e apesar de me ter impressionado bastante, trata-se sem dúvida de um grande filme.
9:27 A "Lotação Esgotada" tinha então o patrocínio do Toyota Corolla
9:33 E de novo a promo do programa da Maria Elisa dedicada ao tango.


0:00 NBP
0:02 Vinheta RTP 1
0:05 Outra vez o anúncio Nivea Body Milk
0:16 Maio de 1998 na RTP 1 foi "um mês em grande" como se pode ver nesta promo: a exibição dos filmes "Sete Pecados Mortais", "Na Linha De Fogo", "Quando Um Homem Ama Uma Mulher", "Fátima" e alguns tomos da saga dos Gendarmes de Louis de Funés; as séries "Serviço de Urgência", "Millenium", "Limites do Terror", "Os Simpsons" e "Major Alvega"; no entretenimento, havia "Herman 98", o concurso "Assalto À Televisão" (mais sobre este no bloco seguinte), o Festival da Eurovisão e claro, a abertura da Expo 98 (que aconteceria no dia 22 desse mês); no desporto, o torneio de Roland-Garros (os vencedores desse ano foram os espanhóis Carlos Moya e Arantxa Sanchez Vicario), Fórmula 1, uma antevisão do Mundial de Futebol de 1998 em França e o Grande Prémio JN em ciclismo bem como as finais da Taça UEFA (ganha pelo Inter de Milão), Taça das Taças (ganha pelo Chelsea), Liga dos Campeões (ganha pelo Real Madrid), Taça de Inglaterra (ganha pelo Arsenal) e Taça de Portugal (onde o FC Porto ganhou ao Sporting de Braga por 3-1).   
1:34 Nesta promo ao "Jet7", o magazine da RTP sobre os famosos, vemos a cantora Inês Santos a experimentar o vestido desenhado por Augustus que usaria durante a sua actuação no Festival da Eurovisão enquanto vocalista do grupo Alma Lusa, bem como desfiles de moda e uma rábula da Dolly, uma personagem da apresentadora Adelaide de Sousa, dando uma de Great Gatsby.
1:50 Toyota Corolla patrocina "Lotação Esgotada"
2:04 Vinheta RTP 1
2:07 E quem não se lembra deste genérico da "Lotação Esgotada"




0:00 Excerto do filme "Sete Pecados Mortais"
0:03 Anúncio ao livro "História da Televisão em Portugal" de Vasco Hogan Tavares, que compreendia os primeiros 25 anos da caixinha mágica no nosso país (1955-1979).  
0:22 Outra vez a promo ao programa de Maria Elisa sobre o tango.
0:57 Promo à série "Serviço de Urgência" mais conhecida pelo seu título original "E.R." , criada pelo escritor (e ex-médico) Michael Crichton e que durou de 1994 a 2009. (Patrocínios do Peugeot 406, das tintas Lacose-Sotinco e das papas Milfarin.)
1:44 Vinheta RTP1
1:47 A campanha da Primavera possibilitava a aquisição de um Toyota Corolla em 24 meses sem juros, ou 2 anos de manutenção gratuita, com oferta de 2 livre-trânsitos para...surprise, surprise, a Expo 98!
2:08 Promo ao turismo nos Açores. Infelizmente nunca fui às Ilhas, mas embora também queira muito um dia ir à Madeira, quero ainda mais ir aos Açores. 
2:28 Os tempos eram outros e com a prosperidade económica que se observava em Portugal, o nosso país estava na linha da frente para entrar na unidade económica monetária e por isso, daí a quatro anos, a nossa moeda passava a ser o Euro. Outros tempos.  
2:50 Novo anúncio ao arroz Cigala, desta vez enaltecendo as bucólicas paisagens ribeirinhas dos arrozais de onde é extraído, onde não faltam imagens de patos.
3:19 O número 10 é a base para este criativo anúncio às tintas Aquatinco da Lacose Sotinco, que vinha com 10 anos de garantia. 
3:39 Os anúncios a pensos higiénicos, tampões e outros produtos da intimidade feminina sempre me causaram grande misticismo pois remontam a um universo que, por razões óbvias, eu nunca irei verdadeiramente conhecer e compreender. É o caso deste anúncio aos pensos higiénicos Ausónia Seda em que três amigas vão passar um fim-de-semana fora e aproveitam para comparar os pensos grossos de uma com os finíssimos Ausónia Seda que fazem a humidade transformar-se em bolhinhas de gel.
4:09 O conhecido modelo holandês Mark Van Der Loo protagoniza este anúncio ao Peugeot 106, chegando ao volante de um dito cujo a uma bomba de gasolina e despindo-se todo para a aproveitar ao máximo a lavagem automática. No fim, a jovem funcionária da bomba de gasolina também tira a roupa para o acompanhar em mais uma ronda de lavagem automobilística e não só. 
4:40 O álbum de 1982 "Por Este Rio Acima" de Fausto é um dos discos mais aclamados da música portuguesa e em 1998, teve direito a uma reedição remasterizada em CD.
4:50 Na altura, a Rádio Comercial apostava na brand de ser "a rádio rock" e para apelar a esse público, eis este anúncio onde prometia não haver "musica chata nem conversa que não interessa a ninguém".
5:20 Apelo da Comissão Nacional de Eleições para que os cidadãos eleitores consultassem os cadernos eleitorais nas juntas de freguesia a fim de esclarecer qualquer lapso, uma vez que se aproximava o primeiro referendo feito em Portugal democrático, sobre a interrupção voluntária da gravidez. Referendo esse que eu, apesar de já ter 18 anos e cartão de eleitor, não pude votar pois o meu nome ainda não surgia nos ditos cadernos eleitorais, pelo que me só estreei como cidadão eleitor uns meses mais tarde no referendo sobre a regionalização.
5:29 Mais um anúncio a champôs, desta vez o Fructis da Garnier, com "extracto concentrado de frutos". Na altura, esta marca era bastante recente em Portugal.
6:00 Promo ao filme "O Testamento do Senhor Nepumoceno", realizado por Francisco Manso e uma co-produção luso-brasileiro-caboverdeana que adaptava o romance homónimo de 1989 de Germano Almeida. O elenco era maioritariamente brasileiro contando com nomes como Nelson Xavier, Zézé Motta, Maria Ceiça e Chico Diaz.
6:20 Para ajudar um rapaz a montar uma casota para o seu Bobi, surge um super-herói animado com a cola Totalfix.
6:41 Ainda estávamos nos tempos dos pagers (que por cá chamávamos de "bips"), daí este anúncio ao serviço Telechamada da Telecel (então a rede móvel do 0931 - actual 91 - e adquirida em 2001 pela Vodafone).
6:46 Vinheta RTP1
6:49 Promo ao concurso "Assalto À Televisão" apresentado por Carla Caldeira, com Ana Bola, Carlos Cruz e Júlio Isidro no júri, onde se pretendia descobrir um novo talento na apresentação televisiva através da recriação de muitas situações cheias de imprevistos. O vencedor foi José Carlos Araújo, que acabaria uns anos mais tarde por se estrear como apresentador a sério na TVI, primeiro nos diários do "Big Brother" e mais tarde, como pivot de informação, onde se mantém até hoje.
7:25 Uma versão mais curta da promo da programação de Maio de 1998 na RTP1.


0:00 Morgan Freeman faz cara séria durante uma cena de "Sete Pecados Mortais"
0:02 A emissão é interrompida por um avance informativo em que Pedro Mourinho noticia um incêndio de grandes proporções na zona industrial da Maia, tendo destruído um armazém e uma fábrica de brinquedos, seguindo-se imagens dos bombeiros a tentar controlar a situação no local.  
0:57 Mais uma vez o programa de Maria Elisa sobre o tango.
1:30 Promo à série "Major Alvega", que foi algo inovadora na altura na forma como colocava actores reais em cenários desenhados virtuais. A série adaptava uma banda-desenhada que fez sucesso nos anos 60 e 70 (originalmente britânica, mas que foi aportuguesada na distribuição por cá por ordens da censura) com Ricardo Carriço no papel da personagem-título. Apesar de ter sido gravada em 1993, só estreou na televisão cinco anos mais tarde. A minha personagem preferida era o Coronel Von Block, habilmente desempenhado por António Cordeiro, que continha todos os estereótipos nazis e que era concebida com todo o ridículo que personagens assim merecem. Ainda me lembro dos seus histerismos, em que rosnava amiúde: "Schnell! Schnell! Scheiss!"     
2:04 "Major Alvega" era patrocinado por Donuts, Sumol e Gilera Runners.
2:19 Vinheta RTP1
2:22 De novo a campanha da Primavera do Toyota Corolla
2:44 Os anos 90 foram os anos das linhas de valor acrescentado, famosas sobretudo pelos propósitos esotéricos e eróticos, mas também para concursos telefónicos (sendo portanto um antepassados dos actuais 760). Neste caso vemos um concurso através de uma linha 0641 que sorteava uma viagem às paradisíacas ilhas Seychelles
3:08 Outra vez o anúncio da Super Bock das Queimas das Fitas
3:24 E outra vez o bebé travesso das Toalhitas Dodot
3:54 Individual ou familiar, para o trabalho ou para o lazer, feminino ou masculino, o Hyundai Atos promovia-se como um automóvel bem versátil. Se repararem bem, verão que algumas cenas deste anúncio foram filmadas junto do Centro Comercial do Colombo, inaugurado apenas oito meses antes. 
4:30 Outro anúncio ao jornal 24 Horas, desta vez sem Luís Figo. 
4:35 Um anúncio ao Graffic Magic Gel da Garnier cheio de gente bonita com bela cabeleira. 
4:51 Na altura, ainda não se falava muito de turismo sénior mas os Ministérios da Saúde e do Trabalho já tinham programas de Saúde e Termalismo Sénior, para facilitar o acesso dos nossos cidadãos mais idosos às diversas estâncias termais do país. 
5:21 Um anúncio superlouco ao iced tea Frutea (produzido pela Compal), em que um rapaz entra numa tasca no meio do deserto para comer uma malagueta e depois tragar um Frutea geladíssimo. 
5:39 Para experimentar a eficácia das lâminas Gilette Sensor Excel, dois homens não só trocam de lâminas de barbear, como de braço. E como é óbvio o que tinha originalmente a Sensor Excel proteste por lhe terem-na tirado e não a devolverem. 
6:08 As vantagens do seguro de saúde Multicare da Mundial Confiança. 
6:24 Promoção à estreia do filme "Manobras Na Casa Branca" (no original "Wag The Dog") realizado por Barry Levinson e protagonizado por Robert DeNiro e Dustin Hoffman (cujo papel rendeu-lhe a sétima nomeação para um Óscar) sobre as tentativas de desviar a atenção pública de um escândalo sexual do Presidente dos EUA - algo que na altura era arte a imitar realidade devido ao caso Monica Lewinsky que decorria na altura - inventado uma guerra fictícia.  
6:35 Foi neste ano de 1998 que os aperitivos de batata Pringles, famosamente vendidas num tubo cilíndrico em vez dos habituais pacotes metalizados, chegaram a Portugal e eram promovidas neste colorido anúncio. Ainda hoje, na minha família, costumamos comprar um tubo de Pringles por altura do Natal e/ou do Ano Novo. E ainda costumo fazer aquele bico de pato na boca com duas Pringles, como é possível ver numa das actrizes do anúncio.
7:05 Originalmente criada em 1988, a Securitas é uma das maiores empresas de segurança do mundo e uma das proeminentes em Portugal, ao ponto de ser frequente referir-se a um segurança de um local como um Securitas, mesmo que seja de outra empresa. Neste anúncio, era promovido os seus serviços de alarmes. 
7:16 Anúncio à Queima das Fitas de Coimbra de 1998. Digam o que disserem, A Queima das Fitas é a de Coimbra (ou como diz a telegénica estudante deste anúncio "Festas há muitas, mas Queima das Fitas é em Coimbra!") com tanto para oferecer para além das habituais noites do Parque e o cortejo pela cidade, como provas desportivas, exposições artísticas e todo o tipo de espectáculos. Não participei nesta Queima pois só entrei para a Universidade de Coimbra no ano lectivo seguinte, pelo que a minha primeira Queima das Fitas foi a de 1999, a última no lado de cá do rio Mondego antes do actual recinto.   
7:46 Vinheta RTP 1
7:49 Promo ao Festival da Eurovisão de 1998 (que a RTP também costumava designar como Eurofestival da Canção) a ter lugar em Birmingham daí a três dias, onde se podem ver excertos de alguns vídeos das canções a concurso ao som da canção representante de Portugal, "Se Eu Te Pudesse Abraçar". Mais informações sobre esta edição num texto em breve.
8:16 Promo à programação de ficção da RTP2, de uma variada oferta cinematográfica a séries como "Sarilhos Com Elas", "Ellen", "Spin City - Cidade Louca", "Quem Sabe, Sabe", "Soap - Tudo Em Família" e "Rhodes, O Poderoso". 





0:00 Morgan Freeman pratica tiro ao alvo em "Sete Pecados Mortais".
0:12 Promo à transmissão do jogo Sporting-Belenenses para o campeonato nacional. O jogo acabaria com a vitória dos leões por 1-0, e nessa época 1997-98, o Belenenses desceria à Divisão de Honra enquanto o Sporting terminaria em quarto lugar. (O FC Porto conquistaria o quarto título consecutivo.)
0:43 Promo ao mítico "Contra-Informação", o espaço de sátira política que depois de algumas tentativas nos primórdios da SIC ("Jornalouco", "Cara Chapada"), fixar-se-ia de pedra e cal na grelha de RTP durante 14 anos (1996 a 2010). Para sempre ficaram bonecos como Toneca Guterres, Professor Martelo, Pedro Santana Flopes, Manuel Escuteiro, Paulo Tortes, Jorge Com Paio, Mario Só Ares, Cassete Jerónimo, Dona Odete, Bimbo da Costa e José Trocas-te. 
1:11 Vinheta RTP1
1:14 Eis de novo a campanha da Primavera do Toyota Corolla
1:35 Na altura além do "Contra-Informação", havia o "Contra Zapping" em que um boneco chamado Abreu promovia um concurso através chamadas de valor acrescentada, onde se podiam ganhar 30 mil escudos (150 euros) em electrodomésticos, adivinhando a que marca pertencia um o excerto do anúncio mostrado. Reconheceram qual é? Uma pista, já falámos dele num bloco anterior. 
2:17 Num estiloso e dramático anúncio à Cool Skin Philishave, a primeira máquina de barbear que incluía um depósito para uma loção Nivea, uma loura vê o namorado a ser sensualmente barbeado por uma morena e flagra-os quando se vão para beijar. Mas mesmo com a boca na botija, o rapaz parece estar mais interessado na suavidade da cara do que em prestar contas à namorada.    
2:39 Outra vez o anúncio Linic com os modelos-espantalhos.
3:09 Qual actualização de um conto de fadas, neste anúncio ao Citroen Xsara Break, Claudia Schiffer beija um sapo e este transforma-se num homem bem parecido ao volante do dito veículo. Mas ao segundo beijo, o homem vira de novo sapo mas felizmente o Xsara mantém-se no lugar. 
3:39 A popular banda inglesa James lançava na altura o seu álbum best of, em que reunia os seus melhores êxitos. Uma oportunidade para ter num só disco canções como "Sit Down", "She's A Star", "Born Of Frustration" ou "Sometimes" bem como dois temas inéditos. Já agora, sabiam que o vocalista Tim Booth é tio da actriz Maya Booth? E sim, os James continuam no activo, o seu último álbum é de 2016.
3:56 Num supermercado, um bebé desespera por não ver as suas fraldas Dodot no sítio habitual. Felizmente, tinham apenas mudado de sítio. 
4:31 Vamos lá outra vez: Ésse-á, SA! Ésse-é, SÉ! Ésse-í, SI! Ésse-ó, SÓ! Ésse-ú, SUPER BOCK!
4:46 O outro grande acontecimento nacional de 1998 foi a inauguração da Ponte Vasco de Gama a 26 de Março desse ano, com uma mega-feijoada. E segundo este anúncio, um litro de Fairy lavou 14763 pratos dessa feijoada, batendo mais um recorde do Guiness. 
5:22 Para as dores de cabeça estudantis (ou os exames não estivessem daí a poucas semanas), a solução era Aspirina.
5:42 Outra vez o anúncio ao suplemento Fibrosine.
6:02 Nos anos 90, havia muito a ideia de que o mundo estava a tornar-se cada vez mais uma aldeia global. Daí que este anúncio ao Renault Clio promovia o mundo inteiro com uma única cidade e uma única estrada.
6:34 Outro anúncio a cerveja alusivo à Queima das Fitas, desta vez da Cerveja Imperial, protagonizado por uns simpáticos preservativos animados. (Sim, porque também fazem parte das Queimas das Fitas...wink, wink...)
6:58 E uma vez mais o bebé travesso das Toalhitas Dodot
7:29 Um rapaz de bicicleta fica espantado pelo poder de travagem do Peugeot 406, que trava em quanto tudo à volta, incluindo prédios e cabines telefónicas, derrapa.
8:00 Regressamos ao "Contra Zaping". Descobriram o anúncio referente ao excerto? Sim, era o dos espantalhos do champô Linic. 
8:23 Vinheta RTP 1
8:26 Uma última promo ao programa de Maria Elisa sobre o tango.
9:00 E novamente a promo ao "Jet 7". 

Bónus

Um sexto bloco de publicidade (composto quase todo por anúncios que já analisámos)
mais o genérico do "24 Horas"


24 Horas (7 Maio 1998)



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