sábado, 11 de novembro de 2017

Sugus (1931- )

por Paulo Neto

Nem todas as nossas memórias de infância, sobretudo a nível alimentar, desapareceram. Muitas das guloseimas que tanto nos adoçaram a vida continuam à venda: chocolates, gelados, pastilhas, caramelos, etc. Só que tal como nós, e como tudo na vida, também essas coisas evoluíram com os tempos.



Por exemplo, há dias e ao fim de vários anos, comprei uma embalagem de Sugus. O sabor desses famosos caramelos quadrados continuava assaz delicioso mas havia diferenças em relação aos meus tempos de petiz alegre consumidor de Sugus e isso levou-me a diversas reflexões:


Reflexão 1: A começar pela dita embalagem que trazia Sugus de vários sabores. O que eu daria em petiz para uma embalagem rectangular contendo vários sabores de Sugus pois nesse tempo, eu e os demais garotos estavam limitados às embalagens de Sugus que continham dez caramelos de um único sabor (embalagens essas que continuam a existir actualmente). Havia de facto embalagens de Sugus com vários sabores mas vinham numa embalagem tipo saco de plástico e só me recordo de os meus pais comprarem-me essa embalagem maiorzinha muito esporadicamente e devido a uma ocasião especial, como um aniversário meu ou do meu irmão. 

Reflexão 2: Porém a principal diferença que notei na embalagem actual de Sugus face às da antigamente é que os Sugus actuais já não têm a envolvência extra de um papel branco, bastando desembrulhar o típico papel de colorido. Quando é que os Sugus terão deixado de serem envolvidos no famoso papel branco? E por que razão? Terá sido um motivo de cariz ecológico, numa altura em que a redução e a reciclagem do papel passaram a estar na ordem do dia? 
Sim, porque o papel extra branco que envolvia os Sugus era em si mesmo uma instituição, recordando ao petiz que o seu consumo não devia ser feito de forma leviana. Com um pouco de sorte, calhava-nos uma embalagem onde o papel branco era facilmente removido e o caramelo era prontamente degustado. Com bastante frequência porém, a remoção do papel branco requeria mais atenção, a fim de evitar que restos do papel branco continuassem colados ao caramelo, sobretudo quando este estava todo melado e peganhento do calor. E quem nunca, no meio da frustração, ingeriu um Sugu(?) com um restinho do papel branco que atire a primeira pedra.


Reflexão 3: O singular de Sugus é mesmo Sugu (com U no fim, é bom de ver) ou será daquelas palavras cujo singular e plural são os mesmos, tal como por exemplo pires? Recordo-me de dizer "Dá-me um Sugu" com a sensação que estava a incorrer em algum incumprimento gramatical.


Reflexão 4: No episódio da Caderneta de Cromos consagrado aos Sugus, o Nuno Markl afirmava que o sabor mais popular dos ditos eram os de hortelã-pimenta. Ora sucede que eu nunca me lembro de em criança ter visto Sugus de tal sabor, pelo que a ter existido o sabor de hortelã-pimenta, terá certamente sido esporadicamente algures nos anos 70. 
Nos meus tempos de criança dos anos 80, havia somente seis sabores de Sugus: morango (invólucro vermelho), laranja (cor-de-laranja), limão (azul), banana (amarelo), pêssego (cor-de-laranja claro) e ananás (verde). Por vezes, certas embalagens tinham invólucros brancos com as letras do logótipo da cor correspondente ao sabor. 


O meu ranking de sabores de Sugus era o seguinte: 1.º Limão, 2.º Morango, 3.º Banana, 4.º Laranja, 5.º Pêssego, 6.º Ananás. Os Sugus de limão eram os meus preferidos mas infelizmente eram os que eram mais raros de se encontrar à vendas nas lojas e cafés, pelo que na maioria das vezes, tinha de optar pelo second best sabor a morango. Já os de ananás (e o Markl também referiu isto) eram os menos favoritos para mim e para quase toda a gente. Numa festa em que houvesse vários sabores de Sugus à disposição, era certo e sabido que os Sugus de ananás seriam os últimos a serem comidos. E ao contrário dos de limão, as embalagens de Sugus de ananás eram das mais recorrentes nas lojas e cafés.

Só foi já em adulto que eu passei a ver embalagens de Sugus com sabor a menta, bem como outros novos sabores que eventualmente sugiram  como melão, framboesa ou cereja.



Reflexão 5: Quando foram criados os Sugus? Uma pesquisa pela internet revelou que foram criados pela companhia chocolateira suíça Suchard (sim, a do Suchard Express) em 1931, pertencendo desde 2005 ao grupo Wrigley. O nome vem da palavra "suge" que nas línguas escandinavas quer dizer "chupar" (ou, melhor dizendo, "sugar"). Terão chegado a Portugal em finais dos anos 60 e são actualmente distribuídos no nosso país pelo grupo Mars Portugal. Continuam também a ser comercializados com sucesso em vários países da Europa, América Latina e Ásia. Desde 2008 que os Sugus são considerado património culinário suíço. 

Na Enciclopédia de Cromos, o David Martins já recordou aqui alguns cartazes publicitários, como este de 1981:

Ou este de 1987, promovendo um passatempo onde se podia ganhar um robot que falava!


Quanto a anúncios de televisão, recordo-me sobretudo deste de 1990, envolvendo uma simpática menina de óculos, uma árvore muito especial...e a lei da gravidade.

 




    

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3 comentários:

  1. Os sugos de hortelã pimenta eram os melhores e mais consumidos na década de 70. uma embalagem branca com imagem de folhas de hortelã

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    1. Tem piada, que tal como o meu colega paulo, que escreveu o artigo, não recordo de ver e muito menos provar sugus de de hortelã-pimenta :)

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